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DEVOÇÃO A SANT’ANA

No Brasil, o culto e a devoção a Santana se intensificam entre os séculos XVIII e XIX, perdendo apenas para a sua filha, que vai ter o seu culto bastante difundido. Santana será a encarnação da responsabilidade, do modelo católico de gestora da prole e da permanência casamento e do lar, sua história é construída pautada em princípios de obediência ao marido, ao recato, muito embora seja ela é quem apareça no altar-mor, em detrimento da imagem de São Joaquim, seu esposo, que sempre ocupa espaços laterais nos altares e nos cultos. Uma parte considerável da sua história será difundida como aquela que se responsabilizou pela educação de Maria, ela que vai ensinar a filha os mandamentos da igreja e da sociedade, o que vai de encontro aos interesses da Igreja, que estava desejosa de um modelo para a sociedade que estava em processo de formação.

Reforçar a responsabilidade que Santana assumiu perante a Igreja, de gestar aquela que traria o filho de Deus ao mundo, foi a grande ênfase dada ao seu culto e devoção, era preciso descartar que ela foi a Mãe, Mestra e Guia de Nossa Senhora, avó de Jesus, o redentor do mundo, segundo a tradição do catolicismo romano. A importância que a sua devoção vai desempenhar no Brasil, como modelo de mãe, de mestra, aquela que ensina o resguardo das virtudes, confirmadas por Maria ainda no ventre, e dos ensinamentos religiosos, vai ser imediatamente encarnado nas suas representações, sendo representada quase sempre como uma mulher mais velha, que lhe confere uma leitura visual de quem possui experiência de vida, sempre muito rígida, hierática, sempre despertando uma visão de muita seriedade em seu semblante. Suas representações dificilmente apresentam grandes demonstrações de afeto para com a filha, dada a sua responsabilidade de ser a formadora da educação daquela que guardaria o projeto de Deus para a salvação da humanidade.

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Título: Sant’Anna Guia

Autor: Luzia Dantas

Dimensões: s/d

Registro: 92.1.17

Trata-se da representação de Santana Guia, pois segura a filha Maria pela mão e as duas estão[L1]  de pé. Das representações de Santana esta é mais difícil de ser encontrada, o que confere a peça um grande valor singular, posto que a maioria das representações de Santana são aquelas em que ela aparece com a sua filha, a Virgem Maria, em seus braços ou sentada em seu colo, nesse caso ela passa a ser denominada Santana Mestra e Mãe.

Pelas dimensões da peça, de pequeno porte, parece ter sido confeccionada para o culto doméstico, o culto privado, com o objetivo principal de ornamentar os oratórios existentes nas áreas privadas das casas de morada, dormitórios e salas de estar, que se multiplicavam pelo Brasil inteiro. As imagens de pequeno porte vão ser bastante valorizadas pela questão de seu deslocamento ser mais simples, menos oneroso, permitindo uma maior circulação das mesmas, podendo ser usadas como imagens itinerantes em ritos que exigiam as visitas dessas imagens a outras residências da cidade ou da região, como novenas, missas, batizados.

Título: Santana Mestra

Autor: Desconhecido

Dimensões: 28 cm x 22 cm x [?]

Registro: 92.1.24

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A imagem representa o ícone de Santana Mestra, aquela que foi por Deus predestinada a ser educadora de Maria, ensinando-lhe o caminho religioso da moral cristã e da santidade. Seu maior atributo de atribuição é a presença do Livro, que representa as sagradas escrituras do cristianismo. Ela também representa a responsabilidade da esposa e mãe na difusão da conduta para as famílias cristãs, é foi escolhida como modelo de mulher que era cônscia de suas tarefas domésticas e religiosas, muito necessária para uma sociedade que se encontrava em um processo de construção, de acordo com o projeto colonial português. Era preciso saber ler, minimamente dominar o processo de leitura, para transmitir aos seus descendentes os princípios impressos no catecismo do catolicismo romano, portanto Santana assumiu o papel de mãe e educadora e esse vínculo foi muito propagado, para que as mulheres pudessem se espelhar nela e assim garantir a educação religiosa, sobretudo, por gerações.

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